sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CULTURA AFRO-BRASILEIRA



DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS DO PROJETO SOBRE A CULTURA AFRO-BRASILEIRA, DAS PROFESSORAS: LUZIMAR E MARILUCE DA 4ªE & 4ªC- 2010

 

DIA 20 DE NOVEMBRO DIA DA VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO- BRASILEIRA

 

1-O INÍCIO DA HISTÓRIA DOS AFRICANOS AQUI NO BRASIL


Origem dos Escravos Africanos


Inicialmente, os portugueses ocuparam o litoral oeste do continente africano guiados pela esperança de encontrar ouro. O relacionamento com a população nativa era razoavelmente pacífica, tanto que os europeus chegavam a casar com mulheres africanas. Mas registros apontam que por volta de 1470 o comércio de escravos oriundos da África tinha se tornado o maior produto de exploração vindo do continente.

No século XV Portugal e algumas outras regiões da Europa eram os principais destinos para a mão de obra escrava apreendida no continente africano. Foi a colonização no Novo Mundo que mudou a rota do mercado consumidor de escravos e fez com que o comércio fosse praticado em grande escala.
origem escravos africanos
Os escravos capturados na África eram provenientes de várias situações:
  • poderiam ser prisioneiros de guerra;
  • punição para indivíduos condenados por roubo, assassinato, feitiçaria ou adultério;
  • indivíduos penhorados como garantia de pagamento de dívidas;
  • raptos em pequenas vilas ou mesmo troca de um membro da comunidade por alimentos;
A maior parte dos escravos vindos da África Centro-Ocidental era fornecida por chefes políticos ou mercadores, os portugueses trocavam algum produto pelos negros capturados.
Desde os primeiros registros de compras de escravos feitos em terras brasileiras até a extinção do tráfico negreiro, em 1850, calcula-se que tenham entrado no Brasil algo em torno de quatro milhões de escravos africanos. Mas como o comércio no Atlântico não se restringia ao Brasil, a estimativa é que o comércio de escravos por essa via tenha movimentado cerca de 11,5 milhões de indivíduos vendidos como mercadorias.

2-QUEM ERAM? ONDE E COMO VIVIAM, OS AFRICANOS TRAZIDOS PARA CÁ?
2.1-Observe o mapa:
Veja no mapa da áfrica alguns países atuais que correspondem a regiões de onde vieram alguns grupos escravos para o Brasil.
Os africanos que vieram para o Brasil a partir de 1530 pertenciam a grupos diferentes: sudaneses, bantos, iorubas, malês, entre outros.
Esses grupos viviam em várias regiões da África, onde hoje existem países como Angola, Congo, Moçambique, Costa do Marfim, Nigéria, Benin, Gana.
Quando chegaram ao Brasil, viveram inicialmente no Nordeste, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e com o passar do tempo se espalharam por todo território brasileiro.
Conheça um pouco desses povos.

2.2-IORUBÁS
Os iorubas viviam protegidos na densa floresta, no território da atual Nigéria, onde era difícil penetrar. Praticavam a agricultura, extraíam óleo das palmeiras, cultivavam tuberculose bananas. Seu artesanato e sua arte em argila, madeira e metal impressionavam pela beleza e técnica.
Espalhados em pequenas comunidades, os iorubas formavam cidades que eram cercadas por muralhas com grandes portas. Cada cidade tinha seu próprio governante.
Os iorubas faziam parte do grupo dos sudaneses, que incluía outros povos do oeste da África.

2.3-CONGOLESES
Os congolenses viviam às margens do Rio Congo, no território do atual Congo. Seu rei aumentou o território através de conquistas de terras e alianças de casamento com outros grupos. Os moradores do Congo aprenderam a aproveitar bem as terras para plantio de cereais. Os agricultores usavam instrumentos de ferro em seu trabalho. Das cidades do Congo partiam muitos comerciantes para vender ferro, sal, objetos de marfim, cerâmica, tecidos e jóia de cobre para outros povos da África.

2.4-O TRABALHO NA ÁFRICA
Os africanos conheciam a agricultura e também caçavam, pescavam e coletavam frutos.
Eles produziam instrumentos e utensílios de metal e barro. Com os metais fabricavam armas e adornos para o corpo como pulseiras

2.5-RELIGIOSIDADE



3-ORALIDADE
3.1- Provérbios Africanos
Na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima. Entre os povos da África Central [...] há quem viva do trabalho de contar histórias, uma função de grande responsabilidade.
As pessoas com essa função devem guardar de memória todos os acontecimentos considerados importantes da história de um povo e transmiti-lo aos outros, para que estas histórias não sejam esquecidas e para que este povo valorize o seu passado e os seus heróis.
Em alguns lugares, estes contadores se tornam os guardiões da memória do grupo. E esta memória é toda oral – não há nada escrito. Estes “guardiões da memória” conhecem cada uma das famílias de seu povo e sabem contar parte das histórias familiares com detalhes.
Sua capacidade é impressionante: podem memorizar a história de mais de quarenta gerações passadas!
Em muitas regiões da África, também se cultiva o uso de provérbios. É uma maneira de transmitir ensinamentos e valorizar atitudes que são consideradas corretas. Os provérbios também servem para que as pessoas vejam seus limites. Vamos conhecer alguns deles?
"Os tolos têm sede no meio de água."
"Uma mentira estraga mil verdades."
"Um inimigo inteligente é melhor que um amigo estúpido."
"Quando o rato ri do gato há um buraco perto."
"Se você está construindo uma casa e um prego quebra, você deixa de construir, ou você muda o prego?
"É melhor ser amado do que temido."
"O machado esquece; a árvore recorda."
"O cavalo que chega cedo bebe a água boa."
“Aquele que não cultiva seu campo, morrerá de fome”.
"Quando um rei tem conselheiros bons, seu reino é pacífico."
"Não chame um cachorro com um chicote em sua mão."
"Sem vingança, os males do mundo um dia ficarão extintos."
"A igualdade não é fácil, mas a superioridade é dolorosa."
"O conhecimento é como um jardim: se não for cultivado, não pode ser colhido."
"O vento não quebra uma árvore que se dobra."
"Um peixe grande é pego com isca grande."
"Um camelo não zomba da corcunda de outro camelo."
"Uma filha tola ensina a sua mãe como carregar as crianças."
"A esperança é o pilar do mundo."
"O conhecimento não é a coisa principal, mas ações."
"Não importa quanto longa seja a noite, o dia virá certamente."
"Quando a lua não está cheia, as estrelas ficam mais brilhantes."
"Não pise no rabo do cachorro, e ele não o morderá."
"O coração do homem sábio encontra-se quieto como a água límpida."
"Não chame a floresta que o abriga de selva."
"As lágrimas que descem pelo seu rosto não tiram sua visão."
"Se sua língua tranformar-se em uma faca, cortará sua boca."
"Um pouco de chuva a cada dia encherá os rios até transbordarem."
"Até que os leões tenham suas histórias, os contos de caça glorificarão sempre o caçador."
"O coração de um homem e o fundo do mar é insondável."
"Quem faz perguntas, não pode evitar as respostas."
"O homem é como palma-vinho: quando jovem, doce, mas sem força; na velhice, forte, mas áspero."
"Quando as teias de aranha se juntam, elas podem amarrar um leão."
"Quando seu vizinho está errado você aponta um dedo, mas quando é você que está errado esconde."
"Se você danificar o caráter de outro, você danifica o seu próprio."
"A chuva bate a pele de um leopardo, mas não tira suas manchas."
"Quando você é rico, você é odiado; quando você é pobre, você é desprezado."
"Ninguém testa a profundidade de um rio com ambos os pés."
"Deus esconde-se da mente do homem, mas revela-se ao seu coração."
"A lua move-se lentamente, mas cruza a cidade."
"Uma vaca tem que pastar onde ela está amarrada."
"Você não pode construir uma casa para o verão do ano passado."
"Depois de uma ação tola vem o remorso."
"Como a ferida inflama o dedo, o pensamento inflama a mente."
"Uma flor de morango não adoçará pão seco."
"Amor é como um bebê: precisa ser tratado com ternura."
"É a água calma e silenciosa que afoga um homem."
"Tenha parentesco com a hiena, e todas as hienas serão suas amigas."
"A ruína de uma nação começa nas casas de seu povo."
“Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor.”
"Quando o galo está bêbado, esquece-se do gavião."
"Quem casa com a beleza casa-se com um problema."
"Não há nenhum remédio para curar ódio."
"O dinheiro é mais afiado do que uma espada."
"Um provérbio é o cavalo que pode levar alguém rapidamente à descoberta de idéias."
"O homem avarento está como um boi gordo: ele só dará a gordura quando for privado de sua vida."
"A doença acompanha uma lua minguante; uma lua nova cura a doença."
"A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome."
"As crianças são as recompensas de vida."
"A água sempre descobre um meio."
3.2-Miniconto - Os Três Irmãos (Um Conto Africano) Por Rogério Andrade Barbosa

Três irmãos há muito e muito tempo, viviam em uma pequena aldeia no antigo reino do Congo. Os rapazes eram perdidamente apaixonados pela princesa real. Mas, como eram simples aldeões, sabiam que nenhum deles poderia se casar com a moça.
Desiludidos, os três saíram mundo afora, em busca de uma nova vida. Andaram, andaram e andaram, durante dias e noites infindáveis, através de florestas e desertos, até alcançarem um povoado oculto entre as montanhas. Apavorados, descobriram que o misterioso lugar era habitado por seres dotados de poderes sobrenaturais.
Os três, imediatamente, foram aprisionados e obrigados a trabalhar como escravos. Como um sempre ajudava os outros, todas as tarefas foram concluídas. Por isso, após um ano de cativeiro, foram soltos. E, como prêmio pelos serviços prestados, cada um recebeu um presente mágico.
O irmão mais velho ganhou um espelho, no qual podia ver qualquer coisa que estivesse acontecendo. O do meio ganhou um tapete voador, capaz de levar seu dono aos lugares mais distantes, numa velocidade impressionante. E o irmão mais novo ganhou uma rede de malhas de aço, com a qual podia capturar o que quisesse.
À noite, o irmão mais velho viu em seu espelho que a princesa, por quem ainda era enamorado, iria se casar naquele exato instante com um monstro que havia se disfarçado de humano.
Os três, na mesma hora, subiram no tapete do irmão do meio e, cruzando os ares, chegaram bem a tempo de interromper a cerimônia. E, graças à rede do irmão mais novo, aprisionaram o monstro.
O rei, agradecido, resolveu dar a filha em casamento a um dos rapazes. Mas ele, pensou, pensou e não conseguiu escolher nenhum dos três. Pois, de acordo os conselheiros reais, todos os irmãos haviam tido um papel importante.

3.2.1-Exercício:

Agora eu fiquei na dúvida. E você? Em sua opinião, qual dos três irmãos merece receber a mão da bela princesa? O dono do espelho, o do tapete ou o da rede? Por quê? Crie uma história em quadrinhos, sob a orientação de seu professor. Sua turma deverá ser dividida em grupos. Cada grupo deverá elaborar uma história em quadrinhos, não se esquecendo de dar um final bem bacana à nossa história. Depois de concluída a sua história em quadrinhos, apresente o seu trabalho a turma, explicando porque você deu esse final à história.







3.3-Histórias de Mama África - Os Gêmeos que fizeram a Morte dançar.
r

Na velha aldeia de Ifá tudo transcorria normalmente. Todos faziam seu trabalho, as lavouras davam seus bons frutos, os animais procriavam, crianças nasciam fortes e saudáveis.  
Mas um dia, a Morte resolveu concentrar ali sua colheita. Aí tudo começou a dar errado. As lavouras ficaram inférteis, as fontes e correntes de água secaram, o gado e tudo o que era bicho de criação definharam.
Já não havia o que comer e beber. No desespero da difícil sobrevivência, as pessoas se agrediam umas às outras, ninguém se entendia, tudo virava uma guerra. As pessoas começaram a morrer aos montes.
Instalada ali no povoado, a Morte vivia rondando todos, especialmente as pessoas fracas, velhas e doentes. A Morte roubava essas pessoas e as levava para o outro mundo, longe da família e dos amigos.
A Morte tirava a vida delas. Na aldeia morria-se de todas as causas possíveis: de doença, de velhice, e até mesmo ao nascer. Morria-se afogado, envenenado, enfeitiçado. Morria-se por causa de acidentes, maus-tratos e violência. Morria-se de  fome, principalmente de fome. Mas também de tristeza, de saudade e até de amor.
A Morte estava fazendo o seu grande banquete. Havia luto em todas as casas. Todas as famílias choravam seus mortos.  
O rei mandou muitos emissários falarem com a malvada, mas a Morte sempre respondia que não fazia acordos. Que ia destruir um por um, sem piedade. Se alguém fosse forte o suficiente para enfrentá-la, que tentasse, mas seu fim seria ainda muito mais sofrido e penoso. Ela mandou dizer ao rei, por fim:
“Para não dizerem que sou muito rabugenta, até concordo em dar uma chance à  aldeia.”
E ria e escarrava ao mesmo tempo, dizendo:
“Basta que uma pessoa me obrigue a fazer o que não quero. Se alguém aqui me fizer agir contra a minha vontade, eu irei embora.”
Depois, cuspindo nos seus interlocutores, completou:
“Mas só vou dar essa oportunidade a uma única pessoa. Não vou dar nem a
duas, nem a três.”
E foi-se embora dali, saboreando antecipadamente mais uma vitória.  
Mas quem se atreveria a enfrentar a Morte? Quem, se os mais bravos guerreiros estavam mortos ou ardiam de febre em suas últimas horas de vida? Quem, se os mais astutos diplomatas havia muito tinham partido?
Foi então que dois meninos, os Ibejis, os irmãos gêmeos Taió e Caiandê, que os fofoqueiros da cidade diziam ser filhos de Ifá, resolveram pregar uma peça na horrenda criatura.
Antes que toda a aldeia fosse completamente dizimada, eles resolveram dar umbasta aos ataques da Morte. Decidiram os Ibejis:
“Vamos dar um chega-pra-lá nessa fedorenta figura.”  .
Os meninos pegaram o tambor mágico, que tocavam como ninguém, e saíram à procura da Morte. Não foi difícil achá-la numa estrada próxima, por onde ela perambulava em busca de mais vítimas. Sua presença era anunciada, do alto, por um bando de urubus que sobrevoavam a incrível peçonhenta. E o cheiro, ah, o cheiro! A fedentina que a Morte produzia à sua volta faria vomitar até uma estatueta de madeira.
Os meninos se esconderam numa moita e, tapando o nariz com um lenço, esperaram que ela se aproximasse. Não tardou e a Morte foi chegando.
Os irmãos tremeram da cabeça aos pés. Ainda escondidos na moita, só de olhar para ela sentiram como os pêlos dos seus braços se arrepiavam.
A pele era branca, fria e escamosa; o cabelo, sem cor, desgrenhado e quebradiço. Sua boca sem dentes expelia uma baba esbranquiçada e purulenta. Seu hálito era de um fedor tremendo. Mas podia-se dizer que a Morte estava feliz e contente.
Ela estava até cantando! Pudera, tendo ceifado tantas vidas e tendo tantas outras para extinguir. Mas o canto da Morte era tão cavernoso e desafinado que os passarinhos que ainda sobreviviam silenciavam como se fossem mudos brinquedos de pedra.
O canto da Morte, se é que podemos chamar aquele ruído de canto, era tão desconfortável e medonho que os cachorros esqueléticos uivavam feito loucos e os gatos magrelos bufavam e se arrepiavam todos.  
Nesse momento, numa curva do caminho, enquanto um dos irmão ficava escondido, o outro saltou do mato para a estrada, a poucos passos da Morte.
Saltou com seu tambor mágico, que tocava sem cessar, com muito ritmo. Tocava com toda a sua arte, todo o seu vigor. Tocava com determinação e alegria. Tocava bem como nunca tinha tocado antes. A Morte se encantou com  o ritmo do  menino que, com seu passo trôpego, ensaiou um dança sem graça.
E lá foi ela, alegre como  ninguém, dançando atrás do menino e de seu tambor, ele na frente, ela atrás. 
O espetáculo era grotesco, a dança da Morte era, no mínimo, patética. Nem vou contar como foi a cena: cada um que imagine por conta própria. E é bem fácil imaginar.
Bem; lá ia o menino tocador e atrás ia a Morte.
Passou-se uma hora, passou-se outra e mais outra. O menino não fazia nenhuma pausa e a Morte começou a se cansar. O sol já ia alto, os dois seguiam pela estrada afora, e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá.
O dia deu lugar à noite e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá. E assim ia a coisa, madrugada adentro. O menino tocava, a Morte dançava. O menino ia à frente, sempre ligeiro e folgazão.
A Morte seguia atrás, exausta, não agüentando mais. “Pára de tocar, menino,  vamos descansar um pouco”, ela disse mais de uma vez. Ele não parava.
“Pára essa porcaria de tambor, moleque, ou hás de me pagar com a vida”, ela ameaçou mais de uma vez. E ele não parava.
“Pára que eu não agüento mais”, ela implorava. E ele não parava.  
Taió e Caiandê eram gêmeos idênticos. Ninguém sabia diferenciar um do outro, muito menos a Morte, que sempre foi cega e burra. Pois bem, o moleque que a Morte via tocando na estrada sem parar não era sempre o mesmo menino.
Uma hora tocava Taió, enquanto Caiandê seguia por dentro do mato. Outra hora, quando Taió estava cansado, Caiandê, aproveitando um curva da estrada, substituía o irmão no tambor.
Taió entrava no mato e acompanhava a dupla sem se deixar ver. No mato o Irmão que descansava podia fazer xixi, beber a água depositada nas folhas dos arbustos, enganar a fome comendo frutinhas silvestres.
Os gêmeos se revezavam e a música não parava nunca, não parava nem por um minuto sequer. Mas a Morte, coitada, não tinha substituto, não podia parar, nem  descansar, nem um minutinho só.
E o tambor sem cessar, tá tá tatá tá tá tatá. Ela já nem respirava:
“Pára, pára, menino maldito.”
Mas o menino não parava. E assim foi, por dias e dias. Até os urubus já tinham deixado de acompanhar a Morte, preferindo pousar na copa de umas árvores secas. E o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá, uma hora Taió, outra hora Caiandê. 
Por fim, não agüentando mais, a aparição gritou:
“Pára com esse tambor maldito e eu faço tudo o que me pedires.”
O menino virou-se para trás e disse:
“Pois então vá embora e deixe a minha aldeia em paz.”
“Aceito”, berrou a nauseabunda, vomitando na estrada.
O menino parou de tocar e ouviu a Morte dizer:
“Ah! que fracasso o meu. Ser vencida por um simples pirralho.” Então ela virou-se e foi embora. Foi para longe do povoado, mas foi se lastimado:
“Eu me odeio. Eu me odeio.”
Só as moscas acompanhavam a Morte, circundando sua cabeça descarnada.
Tocando e dançando, os gêmeos voltaram para a aldeia para dar a boa notícia. Foram recebidos de braços abertos. Todos queriam abraçá-los e beijá-los. Em pouco tempo a vida normal voltou a reinar no povoado, a saúde retornou às  casas e a alegria reapareceu nas ruas.
Muitas homenagens foram feitas aos valentes Ibejis.  Mesmo depois de transcorrido certo tempo, sempre que Taió e Caiandê passavam na direção do mercado, havia alguém que comentava:
“Olha os meninos gêmeos que nos salvaram.”
E mais alguém complementava:
“Que a lembrança de sua valentia nunca se apague de nossa memória.”
Ao que alguém acrescentava:
“Mas eles não são a cara do Adivinho?”

4- INFLUÊNCIA DAS LÍNGUAS AFRICANAS NA LÍNGUA PÁTRIA.
PALAVRAS AFRO-BRASILEIRA,
A
abadá:túnica folgada.camiseta de trio elétrico.
abâ - prato
abará: bolinho de feijão.
abalaú-aiê - orixá utilizado em cultos afro pelo mundo.
abatà – chinelo
abebé - leque da deusa oxum quando de latão, e da deusa iemanjá,quando pintado de branco.
aberém - Culinária Afro-brasileira. Bolo de milho ralado na pedra e cozido envolto em folhas de bananeira.
abiãs - Na escala de hierarquia feminina, no candomblé, a abiã e a pre-noviça nos ritos primeiros. indivíduo que ainda não passou pela cerimônia de iniciação, propriamente dita, mas que já "deu" (realizou) o bori pré-iniciático.
abrazô - Comida Afro constante de pequenos bolos feitos com farinha de milho , azeite-de-dendê, pimenta e outros temperos e fritos no mesmo azeite.
abuxó - Fava usada pelo pai-de-santo nas cerimônias do terreiro e tida pelos crentes como possuidora de várias virtudes curativas.
acaçá - Na cozinha Afro-brasileira, e um dos pratos indispensável ao paladar coletivo. Bolo de arroz e milho.
acará: peixe de esqueleto ósseo,bolinho de feijão frito (feijão fradinho).
acarajé: adè - homossexual
África -deriva de AVRINGA ou AFRI, nome da tribo Berbere que na antiguidade habitava o Norte do continente.
alá - lençol
agogô: instrumento musical constituído por uma dupla campânula de ferro, produzindo dois sons.
angu: massa de farinha de trigo ou de mandioca ou arroz.
axé:saudação é uma saudação com votos de paz e felicidade;força
ayê - terra
axó - roupa
azoeira:barulhada.zoeira.

B

babá:Pai-de-Santo.Ama-seca.
babá agbá - avô
bafafá :ignifica confusão.
bagunça:baderna.
batuque: dança com sapateados e palmas.
bangüê: padiola de cipós trançados na qual se leva o bagaço da cana.
bangulê: dança de negros ao som da puíta, palma e sapateados.
banzar: meditar, matutar.
banguela: desdentado.
banto: nome do grupo de idiomas africanos em que a flexão se faz por prefixos.
banzo: nostalgia mortal dos negros da África.
berberes são descendentes dos antigos Númidas que habitavam a região chamada Numídia, entre o país de Cartago e atual Mauritânia.
berimbau: instrumento de percussão com o qual se acompanha a capoeira.
borocoxô:molenga.
bunda- nádegas (alguns escravos dos povos "bantos" que vieram para o Brasil, logo foram notados por terem a região glútea avantajada e o termo acabou pegando)
búzio: concha.

C

caçamba:balde para tirar água do poço.
cachaça: aguardente.
cachimbo: aparelho para fumar.
cacimba: cova que recolhe água de terrenos pantanosos.
caculé: cidade da Bahia.
cafife: diz-se de pessoa que dá azar.
cafuca: centro; esconderijo.
cafua: cova.
cafuche: irmão do Zumbi.
cafuchi: serra.
cafundó: lugar afastado, de acesso difícil.
cafuné: carinho.
cafungá: pastor de gado.
calombo: quisto, doença.
calumbá: planta.
calundu: mau humor.
camundongo: rato.
candomblé: religião dos negros iorubás.
candonga: intriga, mexerico.
canjerê: feitiço, mandinga.
canjica: papa de milho verde ralado.
carimbo: instrumento de borracha.
catimbau: prática de feitiçaria .
catunda: sertão.
Cassangue: grupo de negros da África.
caxambu: grande tambor usado na dança harmônica.
caxumba: doença da glândula falias.
chuchu: fruto comestível.
cochilar:sono leve.
cubata: choça de pretos; senzala.
cumba: forte, valente.
Cumbe: povoação em Angola.

D

Dadá - Orixá sudanês, protetor dos vegetais. É o primeiro dos quinze filhos de lemanjá, saídos do seu ventre depois da violação de Orungã.
Dandalunda - É um dos nomes de lemanjá. 0 mesmo que Mãe Dandá.
dengué - Milho branco, cozido com um pouco de açúcar.
despacho - Feitiço, macumba, coisa-feita.
dendê: fruto do dendezeiro.
delonga - caneca
dengo: manha, birra.
diamba: maconha.

E

ebó - Farinha de milho branca e sem sal.Depois de cozida, certas tribos africanas adicionavam azeite de dendê.
ebò - descarrego de más influências; limpeza espiritual; inclui o sacrifício de um animal.
ecu - Bailado dos candomblés Afro-brasileiros.
ecuru - Farofa de massa de feijão-fradinho diluído em mel de abelhas ou azeite-de-dendê.
efó: espécie de guisado de camarões e ervas, temperado com azeite de dendê e pimenta.
efum - É a cerimônia de pintar a cabeça de iauô, candidata ao posto de filha-de-santo.
egun - morto, balé.
egungun - O mesmo que Egum, cerimônia nas macumbas, onde são invocados os espíritos bons e protetores.
Ekede - Ebomi do sexo feminino, que não entra em transe e tem funções de auxílio ao orixá (uma espécie de "aia" deste), tendo como obrigações principais vesti-lo, cuidar de suas roupas, dançar com ele, estar permanentemente ao seu lado quando entra em transe , atendendo a seus pedidos, enxugando o suor do rosto de seu "filho" durante a dança.
Équédi - Na hierarquia feminina dos candomblés, são servas voluntárias das filhas-de-santo, ajudando-as, por devoção aos orixás, nos trabalhos de vestuário e ornamentos.
eran-Paterê - É um naco de carne verde, bem fresca, salgada e frita no azeite.
Erê:divindade ligada à infância.Criança em yorubá.- criança, no rito angola.
Ere - É um orixá filho de Xangô. Entidade infantil, espírito menor, particular de cada iaô, que nasce durante a feitura de seu santo.
Etu - Feitiço que se obtém com um punhado de terra do cemitério.
Exu - Também conhecido por Elegbára (ele=dono; agbára=poder). É o representante das potências contrarias ao homem. Os africanos assimilam-no ao demônio dos católicos.

F

farofa:mistura de farinha com água,azeite ou gordura.
feitiçaria - É o nome genérico para designar todas as praticas de magia popular.
Feito em pé - Diz-se do santo, nos candomblés Jejê-nagôs e bantos, que não mereceu cerimonial preparatório para assentar no seu sacerdote, babalaô, babalorixá, pai- de-santo.
ferramentas - insígnias que os orixás trazem nas mãos como símbolo de sua identidade mítica. Ogum traz uma espada,Oxóssi um arco e flecha etc.
Filha-de-Santo - A sacerdotisa dos candomblés Afro-brasileira, mulher dedicada ao culto de um orixá, tendo essa posição religiosa depois de um verdadeiro curso no terreiro , aprendendo o rito, danças,cerimonial, fazer a indumentária do seu santo, as iguarias que lhe são oferecidas.
fubá: farinha de milho.
funfun - branco
fungar:assoar o nariz.
fungador - Instrumento musical africano trazido pelos escravos para o Brasil.

G

guaiá - Chocalhos usados pelos Afro-descendentes.
garapa:caldo de cana.
ginga:movimento corporal na capoeira,dança e no futebol.
guandu: o mesmo que andu (fruto do anduzeiro), ou arbusto de flores amarelas, tipo de feijão comestível.

H

Humulucu - Iguaria que se faz de feijão fradinho, temperado com
azeite-de-dendê, cebola, sal e camarão.

I

Iabá - orixá feminino.
Iabaim - Mãe da bexiga, varíola.
Iabassê - cozinheira do culto, responsável pelas comidas dos santos.
Iaiá-Ioiô - Tratamentos de Senhora e Senhor dados pelos escravos aos meninos da casa-grande, os jovens amos. Também havia o hipocorístico iaiázinha e ioiôzinho.
Iakekerê - mãe-pequena, auxiliar direta da ialorixá.
Iansã - Orixá sudanês dos ventos e da tempestade, uma das mulheres de Xangô.
Iaôs - São as filhas-de-santo em preceito, cumprindo os dever e encargos do curso de iniciação ou recém-iniciadas.
Iaque-que-rê - Mãe pequena.
Iatebexê - cargo feminino , geralmente dado a uma ekede, que tem como função cantar para os
indaka - fofoca
orixás, no barracão ou fora dele.
Iere - Semente semelhante a do coentro, usada na culinária afro como tempero do caruru, peixe e galinha.
Ilê - casa, terreiro.
Iemanjá: deusa africana, a mãe d’ água dos iorubanos.
inâ - fogo
Ingono - Tambor de macumba e candomblé para danças populares.
inhaca:azar.Mau cheiro.
inhame: planta medicinal e alimentícia com raiz parecida com o cará.
Inkices - deuses do rito angola.
iorubano: habitante ou natural de Ioruba (África).
Iru - Fava usada pelos africanos como condimento.
Iruquere - Ou Iruquerê, cauda de boi, com um cabo de osso ou de madeira, enfeitado de relevos. Pertence ao culto de Oxossi. Na África, entre sudaneses e bantos , é uma insígnia da realeza , enxota-moscas ou objeto privativo do rei ou dos primeiros príncipes. Todos os viajantes que atravessaram a Africa fazem menção do enxota-moscas do rabo do boi na mão do soba ou
dos seus privados. Era de use no Egito clássico.
Iyalorixa - Alourixá , mãe-de-santo, mãe-de-terreiro, diretora do candomblé , sacerdotisa de um candomblé , sacerdotisa do culto Jejê-nagô, iniciadora, mentora e governadora absoluta do seu candomblé.

J

Já - Instrumento musical trazido pelos africanos para o Brasil. E uma sineta de metal utilizada na cerimônia de dar comida ao santo, orixá.
jagunço:guerreiro
jegue:jumento
Jeguedé - Instrumento de percussão dos afro-brasileiros, popularizado no sul do Brasil , onde dominou a dança que se fazia ao som do mesmo. A dança Jeguedé era uma espécie de bambolê, ginástica , individual , com improvisações, embora dançada com muitos outros companheiros.
Jejês - Negros do Daomé, vindos para o Brasil como escravos e que tiveram influencia folclórica e etnográfica.
jeribata: álcool; aguardente.
jeguedê: dança negra.
jiló: fruto verde de gosto amargo.
jongo: o mesmo que samba.

K

kelê - colar que se amarra ao pescoço do iaô durante a iniciação e que permanece assim por três meses, conhecidos como período de kelê; diz-se que ele "separa a cabeça do corpo". É chamado também de "gravata do orixá".
L

lambada:chicotada.
lengalenga:conversa fiada.
libambo: bêbado (pessoas que se alteram por causa da bebida).
Lógunéde - Erinlé teria tido com Oxum Yéyépondá, um filho chamado Lógunéde , cujo o culto se faz ainda, mas raramente em Ilexá.
lundu - Dança e canto de origem africana trazidos pelos negros escravos bantos, de Angola para o Brasil. A chula, o tango brasileiro, o fado, nasceram do som do lundu.

M

maassagana: confluência, junção de rios em Angola.
miçanga:conchas de vidro, variadas e miúdas.
mandinga:- Feitiço, despacho, mau-olhado. Os negros mandingas eram tidos com o feiticeiros incorrigíveis dos vales de Senegal e do Níger feitiçaria, bruxaria.
macumba: religião afro-brasileira.
máculo: nódoa, mancha.
Mãe-de-santo ou Mae-de-terreiro - Sacerdotisa do culto Jejê-nagô,dirigindo a educação sagrada das filhas-de-santo ou cavalo-de-santo.
mafuá:lugar desorganizado
Malembe - Cânticos rogatórios nos candomblés de origem banto.
malungo: título que os escravos africanos davam aos que tinham vindo no mesmo navio; irmão de criação.
maracatu: cortejo carnavalesco que segue uma mulher que num bastão leva uma bonequinha enfeitada, a calunga.
Martim-Pescador - É um orixá dos candomblés bantos, em Salvador, Bahia. 0 mais estranho dos orixás das águas o pássaro martim-pescador , também conhecido entre os negros por marujo, pássaro cuja missão consiste em ser leva-e-traz para o mar das suplicas dos mortais às divindades do mar.
marimba: peixe do mar.
marimbondo: o mesmo que vespa.
maxixe: fruto verde.
Moçambique - Dança africana, como explica a palavra. Foi conhecida e usada nos sertões pelos primeiros escravos mineiros trazidos para o trabalho da extração de ouro.
mochila:bolsa carregada à tiracolo.
milonga: certa música ao som de violão.
moleque: negrinho, menino de pouca idade.
muamba: contrabando.
mucama: escrava negra especial.
mulunga: árvore.
munguzá: iguaria feita de grãos de milho cozido, em caldo açucarado, às vezes com leite de coco ou de gado. O mesmo que canjica.
murundu: montanha ou monte; montículo; o mesmo que montão.
mutamba: árvore.
muxiba: carne magra.
muxinga: açoite; bordoada.
muxongo: beijo; carícia.

N

Nação - rito religioso identificado às práticas das etnias de origem africana que foram trazidas ao Brasil.
Nagô - Nome por que se conhece o iorubano assim como todo negro da Costa dos Escravos que falava ou entendia o ioruba.
Nanã - A avó dos Orixas, também chamada de Nanã Buruku ( Buru=espirito; Iku=morte)
nenê ou nenem:criança de colo.



O

obá - rei
odara:bom .Bonito
ogum ou ogundelê: deus das lutas e das guerras.
omò - filho
orum - céu
onilé - chão
obé - faca
obé faim - tesoura
obé xirê - navalha
Orixá: divindade secundário do culto jejênago, medianeira que transmite súplicas dos devotos suprema divindade desse culto, ídolo africano; - dono da cabeça
Obá - Orixá yoruba semelhante a Oya
Obag - Foram, na tradição dos iorubanos, os ministros do Rei Xangô, os mangbás , divulgadores , instituidores e defensores do culto,dando ao soberano tornado orixá os hábitos celestiais idênticos às predileções que possuía na terra.
Obaluayiê - Omolú (xapanã) - Obalúayé; "Rei dono da Terra", Omolu "Filho do Senhor", Sapata "Dono da Terra" são os nomes dados a Sànpònná (um título ligado a grande calor – o sol - também é conhecido como Babá Igbona = pai da quentura ) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.
Obrigação - nome que se dá às confirmações da iniciação (de dois em dois anos, existindo obrigação de 1,3,5,7 anos e, depois, quando se tiver condições de dar).
Ogã - ebomi do sexo masculino, que não entra em transe.
Oguedê - E a banana denominada da terra, frita e servida como sobremesa.
Ogum - Orixá do ferro e das guerras filho de Yemanjar ou Oduá com Oxalá
Oiá - Deusa do rio Níger, mulher de Xangô.
Omalá - E a comida do santo. Cada orixá possui seu omala.
Omi - água.
Omó - filho, criança.
Opanijé - Um dos bailados no candomblé Jejê-nagô da Bahia.
Opelê ifá - instrumento oracular do babalaô. Um tipo de corrente com oito metades de caroço de dendê, que jogados aleatoriamente resulta configurações em número de dezesseis e que e dois lances fornece 256 configurações chamadas odus.
Ori - cabeça, manteiga vegetal.
Orô - cerimônia.
Òrúnmíla - Deus do destino, regente dos oráculos, Òrúnmíla é um outro nome de Ifá
Ossain-Òsányn - Divindade das folhas medicinais e litúrgicas
Oxalá - O maior dos orixás, entidade andrógina, a maior tradição religiosa como sobrevivência afro-brasileira. Orixalá ou Oxalá tem um caráter bissexual e simboliza as energias produtivas da natureza. Esse caráter andrógino de Oxalá e evidente nos seguintes cânticos do candomblé da Bahia: É representado por meio de conchas ou cauris , limão verde dentro de um circulo de chumbo. Pela convergência a força de aculturação , Oxalá identificou-se como o mais popular e prestigioso culto de toda a Bahia. 0 dia do culto especial de Oxalá e a sexta-
feira. Ora, identificado como está com o Senhor do Bonfim ( Santo de maior devoção entre o povo da Bahia) , pode-se dizer que Oxalá tem, semanalmente, o culto mais ruidosoda Bahia. Todas as Sextas-feiras peregrinos dos subúrbios,da própria cidade e das circunvizinhanças vem em romaria
visitá-la e implorar-Ihe proteção e auxílio. A falta de um deus supremo , por assim dizer palpável, os negros,Jejê-nagôs ou bantos, adoram Oxalá , um mito primitivo Mora no alto de um monte, como na África.
Oxóssi - Orixá da caça e dos caçadores, Também ligado a terra virgem.
Oxum - Orixá dos rios e das Pontes, deusa do rio Oxum, na África.
Oxumarê - Sua tradução , quer dizer: arco íris , bem como uma versão, essencialmente masculino, e outra, como fêmea ou macho ( Besèn e Frekuén). Besèn, a parte feminina de Oxumarè, que se transforma durante seis meses do ano ( também evidenciado pela sua mudança de pele ).
Oyá - Iyá-mesan-órun, seu Oríki, mãe dos noves órun, Yásan

P

patota:turma.Grupo
puita: corpo pesado usado nas embarcações de pesca em vez fateixa.
pirão:papa grossa de farinha de mandioca
Padê-de-Exu - Oferta de alimentos rituais feita ao orixá Exu,antes de qualquer cerimonia ou festa de candomblé afro-brasileira na Bahia.
Pata de Coelho - Amuleto que se divulgou no Brasil. É de origem africana , dos negros sudaneses, onde o coelho é um motivo prestigioso de astúcia, esperteza e felicidade.
Peji - Altar armado e dedicado a um orixá nos candomblés Jejê- nagôs. Também é quarto onde ficam as representações materiais dos orixás, chamadas de ibás.
Peji-Gan - dono ou senhor do altar, sinônimo de pai-de-santo, mestre babalorixá nos candomblés Jejê-nagôs.
Povo-de-Santo - conjunto de todos os adeptos do candomblé ou da religião dos orixás.
Presente de lemanjá - Oferta ritual feita a rainha do mar, água de cheiro, flores etc.

Q

quengo:cabeça vasilha feita da metade do coco.
quiabo: fruto de forma piramidal, verde e peludo.
quibebe: papa de abóbora ou de banana.
quilombo: valhacouto de escravos fugidos.
quibungo: invocado nas cantigas de ninar, o mesmo que cuca, festa dançante dos negros.
queimana: iguaria nordestina feita de gergelim .
quimbebé: bebida de milho fermentado.
quimbembe: casa rústica, rancho de palha.
quimgombô: quiabo.
quitute: comida fina, iguaria delicada.
quizila ou eó - tabu , implicância , interdição, indisposição em relação a algo ou alguém, conjunto de proibições.
quizília: antipatia ou aborrecimento.

R

ranzinza:rabugento.Teimoso
Roda de Ebomi - roda de santo formada apenas pelos ebomis, situando-se dentro da roda de santo, formando com esta, um círculo concêntrico.
Roda de Santo - círculo formado em ordem hierárquica para a dança no barracão e que o faz no sentido anti-horário.
Roncó - clausura. Espaço reservado ao recolhimento dos iniciados.
Rum - o maior dos três atabaques; dança principal dos orixás; a saída, na iniciação , em que o orixá veste, pela primeira vez, suas roupas rituais e usa suas ferramentas.

S

samba: dança cantada de origem africana de compasso binário ( da língua de Luanda, semba = umbigada).
senzala: alojamento dos escravos.
soba: chefe de trigo africana.
sunga:calção
Saída - festa em que o iaô, após o período de recolhimento para a iniciação, sai pela primeira vez, apresentando-se publicamente à comunidade do povo-de-santo.
Sinhá - Corruptela de senhora. Termo originariamente usado pelos escravos africanos para chamarem as mulheres dos seus senhores , chamando , porem, as filhas de sinhazinha ou sinhá moça. Sinhá é gente de boa família , bem educada, gente fina.
Sinhô - Corruptela de senhor. Termo originariamente usado pelos escravos africanos para chamarem os seus senhores, chamando, porem, os filhos de sinhozinho ou sinhô moço.
Sudaneses - Compreende os iorubas da Nigéria ( nagô , ijexá, eubá , quêtu , ibadau , iobu ) os negros do Daomé ( Jejê, etc. ) , fanti-ashanti da Costa do Ouro , os grupos de outras regiões da Gâmbia , Serra Leoa,Nigéria , Sibéria , Costa do Marfim , da Malagueta, etc... Entende-se como influência sudanesa , as culturas guineano sudanesas que tiveram o credo muçulmano , fulas , mandingas , haussás e elementos de menor porção. A influência sudanesa no Brasil foi interessante na preeminência intelectual e social. Os Jejês teriam representado alforriados da Bahia para a África. Os nagôs fizeram, na Bahia , Capela dedicada ao Senhor Bom J esus da Redenção. As iguarias mais típicas da cozinha afro-brasileira são presenças nagô, como vatapá e caruru. 0 cerimonial religioso dos candomblés deve maior percentagem aos nagôs. São iorubas os instrumentos musicais dos candomblés em sua maioria, os ilus (tambores) o agogô, o adjá, o afofiê, o aguê.
Suspensão - ato pelo qual o orixá "escolhe" alguém na assistência ou na casa de santo e lhe atribui um cargo.

T

tanga: pano que cobre desde o ventre até as coxas.
tempero - elementos que compõem o fundamento religioso, como folhas, pós, sementes etc.
tipóia:rede usada como transporte.Tecido para descansar o braço.
tutu: iguaria de carne de porco salgada, toicinho, feijão e farinha de mandioca.

U

urucubaca:azar;má sorte.
urucungo: instrumento musical.
Urucungo ou Orocongo - Instrumento de procedência africana , que consiste num arco de madeira, tendo um arame retesado , passado entre as pontas. Numa das extremidades, ou no centro do arame, a presa um pequeno catuto, de forma arredondada, com uma abertura circular. 0 som e obtido pela percussão da corda com os dedos ou com umvareta (tocado igual a violino) ou uma haste de metal.

V

vatapá: um tipo de pirão à base de peixe ou camarão .
virar no santo - entrar em transe.

X

xendengue: magro, franzino.
xingar:ofender
Xangô - Xangô teria sido o terceiro àlàáfín Òyó - Rei de Oyó filho de Oranian e Torosi
xinxin - Iguaria tradicional da cozinha afro-brasileira.
xirê - ordem seqüencial de cantigas para o orixá, cantada durante a festa; em Jorubá significa dançar, brincar.
xodó:namoro,amor,paixão

Y

Yemanjá - Ye omo eja = Mãe dos filhos peixe, ou ,Yéyé omo ejá ( mãe cujo os filhos são peixes)
yá - mãe
yá agbá - avó

Z

Zambi ou zambeta: cambaio, torto das pernas
Zanga:pirraça, antipatia.
Zonzo:estonteado
Zumbi: fantasma.




4.1-EXERCÍCIOS

4.1.1Bingo de palavras de origem africana.

4.1.2 Influência das palavras africanas. Reescrever o texto mudando as palavras em destaque pela tradução em português.
A QUIZOMBA DE NHÔ BENTO
Na boteca de Nhô Bento
Ouve-se grande azoeira,
É fuzuê por todo lado:
Cantoria, falatório e brincadeira,
Cheiro gostoso de quitute:
É acarajé, moqueca e guisado.
A mulata Luanda mexe o tempero
Ao som de um batuque bem brasileiro,
Com o caxixi amarrado na canela,
Mexe, mexe e requebra,
Sem derrubar a caçamba
E sem deixar cair a gamela.
Nhô Bento bate o tambor.
Todo mundo a roda.
É gente bamba na palma da mão.
A mulata cai no samba
E levanta a poeira do chão.

VOCABULÁRIO:
Poeira: pó que está no ar;
Samba: dança popular Afro-brasileira;
Bamba: um pássaro ou ave da África Ocidental;
Gamela: tigela de madeira ou barro que se dá de comer aos porcos ou simplesmente utilizadas para tomar banho;
Caçamba: balde preso a uma corda para tirar água dos poços.
Caxixi: água ardente de qualidade inferior;
Nhô: senhor;
Quizomba: dança indígena, no Cuanza (Angola);
Fuzuê: festa, briga, barulho, confusão;
Quitute: comida refinada;
Acarajé: bolo feito com massa de feijão, misturado com camarão moído, e frito em azeite-de-dendê.
Moqueca: guisado de peixe temperados com azeite-de-dendê e pimenta;
Quisado: picadinho de carne, peixe ou legumes bem condimentado;
Batuque: dança acompanhada por instrumentos originado na África.
Fuzuê: barulho


5-INFRLUÊNCIAS DA CULTURA AFRICANA AQUI NO BRASIL

5.1-Influências Africanas
Era uma vez um país habitado só por vários povos que ficaram conhecidos como índios. Até que, certo dia, vieram pelo mar os homens brancos, que trouxeram outros homens brancos e, depois, para trabalhar aqui, os negros da África.

Esse país é o Brasil. E, junto com os negros trazidos para cá como escravos, vieram suas músicas, religiões, danças e muitos outros costumes. Durante anos, eles se misturaram às tradições portuguesas e indígenas e ajudaram a formar o que a gente conhece como cultura brasileira.
Vamos conhecer um pouco da influência africana nos costumes do povo brasileiro?
Angu da Quitandeira. Aquarela de Jean-Baptiste Debret, 1826
“[...] E o negro da África, que chegou aqui nas piores condições, adaptou-se para não perder aquilo que distingue os homens dos animais, que é sua cultura, e a impôs como uma marca definitiva da cultura brasileira. O negro trouxe da África palavras, atitudes, costumes, religiões, música, que, juntamente com a cultura dos portugueses, a dos índios e a dos tantos outros povos que migraram depois para o Brasil, criaram essa coisa tão peculiar, [...] que é ser brasileiro.”
Isabel Lustosa. Histórias dos escravos.
São Paulo: Compainha das Letrinhas, 1998. Coleção Memória e História.

5.2-O Nascimento do Samba
O samba é alegria
 Falando coisas da gente
Se você anda tristonho
No samba fica contente"
(Eu canto samba – Paulinho da Viola)

A explicação mais tradicional diz que o samba surgiu de uma dança chamada semba, original de Angola, país africano de onde foram trazidos muitos negros. Era uma dança em que as pessoas mexiam bastante os quadris.
O samba como gênero musical nasceu no Rio de Janeiro, perto da Praça Onze, onde moravam muitos negros vindos da Bahia. Apesar da pobreza, era um lugar alegre e festivo, onde músicos e artistas de toda a cidade se encontravam.
Uma casa se destacava por lá: a casa de dona Hilária de Almeida, a famosa tia Ciata. O batuque virava a madrugada. Era ali que se reuniam os primeiros sambistas – Sinhô, Donga, Pixinguinha e muitos outros. Foi lá também que surgiu o samba "Pelo Telefone", o primeiro gravado em disco, e que fez um sucesso enorme no Carnaval de 1917. Depois disso, todo mundo caiu no samba. Tanto que ele acabou se tornando um dos ritmos mais populares do país.

5.3-Capoeira
Rugendas – século XIX
Responda: Que atividade é essa nessa imagem? Você conhece essa imagem? Ela ainda é praticada?
Reunidos em círculo, ao ar livre, os negros cativos divertiam-se praticando brincadeiras trazidas de Angola. Era uma espécie de dança, com passos que exigiam movimentos muito ágeis com as pernas e os braços.
Os brancos logo desconfiaram daquele jogo que mais parecia uma luta. E os negros, de fato, usaram a capoeira, como era chamada, para se defender das agressões dos brancos. Apesar de proibida, por muito tempo, a capoeira nunca deixou de ser praticada, tornando-se símbolo da resistência da cultura negra.


5.4-A Contribuição Africana na Culinária
Em todas as áreas de nossa cultura, a contribuição dos negros é sempre responsável por um tempero especial e pela capacidade de improvisação. Na culinária não podia ser diferente.
A escravidão arrancou o negro violentamente de seu território e de seus hábitos. Como os escravos eram capturados e transformados em prisioneiros, não traziam nem roupas, quanto mais produtos para cozinhar. Eles tiveram de improvisar e adaptar sua cozinha usando os alimentos que encontraram por aqui (a banana, o café, o azeite-de-dendê, a pimenta-malagueta e o coco).
E quando as escravas começaram a cozinhar para a casa grande, a cozinha brasileira ficou ainda melhor, pois elas tiveram de adaptar suas receitas, pois não tínhamos aqui muitos dos produtos de sua terra natal. Acabaram misturando um pouquinho de tudo: ingredientes que já conheciam com outros trazidos pelos portugueses e alguns usados pelos índios.
Assim, os negros acabaram não só enriquecendo a nossa culinária como também modificando a sua própria. Até hoje lambemos os beiços com essas comidas maravilhosas _ que não ficaram só por aqui, foram também para o continente africano, modificadas pelos novos ingredientes brasileiros.
Pratos famosos da culinária brasileira são de origem africana, como a moqueca de peixe, o pirão, o bobó de camarão, o xinxim de galinha, o acarajé, a pamonha, etc.
Para terminar, não se pode deixar de mencionar um dos pratos favoritos do país: a feijoada, que também se originou nas senzalas. Enquanto as melhores carnes iam para a mesa dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, lingüiça, carne-seca etc., eram misturados com feijão preto ou mulatinho e cozidos num grande caldeirão.
5.5-As Brincadeiras
As brincadeiras são variadas: estilingue, pega-pega, quem fica mais tempo embaixo da água do rio, duro-ou-mole.

5.6-As Festas
“Quando chegou ao Brasil, A Folia de Reis, se misturou com as festas dos escravos africanos que representavam a coroação de um Rei Negro e de uma Rainha Negra. [...]
Veja na pintura como os escravos desfilavam interpretando a rainha do Congo, com seus súditos, protegida por um grande guarda-sol, enquanto os outros tocavam e dançavam pelas ruas.
A festa da coroação dos reis do Congo se espalhou [...] e deu origem a novas festas, como a Congada, o Moçambique e o Maracatu.
A Congada é parecida com as antigas festas dos tempos coloniais, mas os participantes formam uma grande roda para a coroação do rei e dançam ao som de pandeiros, triângulos, cuícas, chocalhos, apitos, sanfonas, violas e até violinos.
Nereide Schilaro Santa Rosa. Festas e tradições. São Paulo: Moderna, 2001. P. 12-13. 4


Quem foi Zumbi e realizações

Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
































Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.

No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.

Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o  Dia da Consciência Negra. Consciência Negra.

6.1- Atividade de arte.
[Zumbi+dos+palmares.jpg]

7-A IDENTIDADE AFRO-BRASILEIRA NA MUSICA E NA POESIA ...
Negro, Negritude
Negro, negritude
na vida, no sangue, no povo
nos lábios do poeta, no artesanato
nos focos da luz em sonhos
na história da gente viva
 na marca dos que se foram
nos olhos dos que o são

Negro, negritude
na consciência dos que têm
 nos porões da imanência
 na memória de Zumbi
nos corpos negros da dança
na culinária saborosa
 nas marcas da inteligência

Negro, negritude
 na beleza da mulher negra
 nas cores incalculáveis
 nos rostos tão incansáveis
nos labirintos do preconceito
 nas lembranças de dor e vitória
 na vida de nossa gente brasileira.
de Rogério Medrado Barro Preto - BA - por correio eletrônico

Africa
Palavra Cantada
Quem não sabe onde é o Sudão saberá
A Nigéria o Gabão
Ruanda
Quem não sabe onde fica o Senegal,
 A Tanzânia e a Namíbia,
 Guiné Bissau?
Todo o povo do Japão
Saberá
De onde veio o
Leão de Judá
Alemanha e Canadá
Saberão Toda a gente da Bahia
sabe já
 De onde vem a melodia
 Do ijexá
 o sol nasce todo dia
Vem de lá
Entre o Oriente e ocidente
Onde fica?
Qual a origem de gente?
Onde fica?
 África fica no meio do mapa do mundo
 do atlas da vida
Áfricas ficam na África que fica lá e aqui
África ficará
Basta atravessar o mar
 pra chegar
 Onde cresce o Baobá
pra saber
Da floresta de Oxalá
E malê
Do deserto de alah
Do ilê
Banto mulçumanamagô
Yorubá










8-OS PRINCIPAIS QUILOMBOS TÍTULADOS NO BRASIL
8.1-Quem são os quilombolas?
Os grupos étnicos conhecidos como “comunidades remanescentes de quilombos”, “quilombolas”, “comunidades negras rurais” são constituídos pelos descendentes dos escravos negros que, no processo de resistência à escravidão, originaram grupos sociais que ocupam um território comum e compartilham características culturais até os dias de hoje.

8.2-Origem

Os quilombos se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos, que incluem as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também a conquista de terras por meio de heranças, doações, pagamento por serviços prestados ao Estado, a compra e ainda a simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição.

O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre que se deu por essas variadas formas. O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia.

8.3-Estados que apresentam comunidades quilombolas no Brasil.

Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil: Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins, mas com histórias documentadas só foram encontradas desses oito estados a baixo.

8.4-Primeira titulação de terra de quilombo.

ESTADO DO PARÁ

BAIXO AMAZONAS

Na região do Pará conhecida como Baixo Amazonas encontram-se cerca de 60 comunidades remanescentes de quilombos localizadas nos municípios de Oriximiná, Óbidos, Santarém, Alenquer e Monte Alegre.
Comunidades Quilombolas no Baixo Amazonas


Município
Comunidades
Alenquer
Pacoval
Monte Alegre
Peafu, Passagem, Curral Grande, Miri e Flexal
Óbidos
São José, Matar, Nossa Senhora das Graças, Arapucú, Patauá do Umirizal, Muratubinha, Cuecê, Silêncio, Mondongo, Igarapé dos Lopes, Castanhanduba, Apuí e Mocambo
Oriximiná
Abuí, Paraná do Abuí, Tapagem, Sagrado Coração de Jesus, Mãe Cué, Juquirizinho, Juquiri Grande, Jamari, Palhal, Erepecu, Moura, Boa Vista, Mussurá, Bacabal, Arancuan de Cima, Arancuan do Meio, Arancuan de Baixo, Serrinha, Terra Preta II, Jarauacá, Água Fria, Poço Fundo, Acapu, Varre Vento, Boa Vista do Cuminá, Santa Rita, Jauari, Araça, Espírito Santo, São Joaquim, Pancada e Ariramba
Santarém
Arapemã, Saracura, Bom Jardim, Murumuru, Murumurutuba, Tiningú, Nova Vista do Ituqui, São José e São Raimundo

Os quilombolas dessa região foram pioneiros na luta para fazer valer os direitos assegurados na Constituição de 1988. Foi no Baixo Amazonas que ocorreu a primeira titulação de terra de quilombo no país. No ano de 1995, a comunidade de Boa Vista, localizada no município de Oriximiná, recebeu do INCRA o título de suas terras.

8.5-O Segundo Estado em Números de Terras Tituladas

MARANHÃO
Até outubro de 2007, 20 comunidades quilombolas maranhenses haviam conquistado o título de propriedade de suas terras. Os títulos foram outorgados pelo governo do estado por meio do Instituto de Terras do Maranhão (Iterma). O Maranhão é o segundo estado brasileiro com maior número de terras de quilombo tituladas, atrás apenas do Pará.
TERRAS DE QUILOMBO TITULADAS NO MARANHÃO
(até setembro de 2007)
Município
Comunidades
Codó
Eira dos Coqueiros
Codó
Mocorongo
Codó
Santo Antônio dos Pretos
Caxias
Genipapo
São João do Soter
Cipó dos Cambaias
Itapecuru-Mirim
Santa Helena
Turiaçu
Jamary dos Pretos
Caxias
Olho D’Água do Raposo
Pinheiro
Altamira
Bacabal
São Sebastião dos Pretos
Caxias
Usina Velha
Bacabeira
Agrical II
Pedro do Rosário
Santo Inácio
Santa Rita
Santana
Anajatuba
Queluz
Pinheiro
Rio dos Peixes
Pedro do Rosário
Imbiral
Cândido Mendes
Bom Jesus dos Pretos
Cândido Mendes
Santa Isabel
Piritoró
Lago Grande

8.6-Quilombos titulados em outros Estados.

8.6.1-São Paulo

No Estado de São Paulo existem mais de 35 comunidades quilombolas. A maioria delas, cerca de 30, está na região do Vale do Ribeira, distribuídas por diversos municípios, tais como Eldorado, Iporanga e Barra do Turvo. Outras comunidades estão localizadas no Litoral Norte, na região de Sorocaba e no município de Itapeva.

          Até maio de 2007, apenas cinco comunidades  tinham recebido os títulos de suas terras
: Ivaporunduva, São Pedro, Pedro Cubas, Pilões e Maria Rosa. Todas estão localizadas no Vale do Ribeira e receberam os títulos do governo do Estado de São Paulo.

8.6.2-Rio de Janeiro:
Há notícias da existência de ao menos 15 comunidades quilombolas no Estado do Rio de Janeiro. Aproximadamente metade delas está localizada na região litorânea do Estado, nos municípios de Búzios, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty.   As demais comunidades estão localizadas no interior no Estado, nos municípios de Quissamã, Vassouras, Valença, Quatis e Rio Claro.
Até abril de 2006, apenas duas comunidades do Rio de Janeiro já tinham suas terras tituladas: Campinho da Independência e Santana. Outras 20 comunidades têm processos em curso no INCRA e nas instâncias estaduais.
8.6.3-Rio Grande do Sul
Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul informa que existem mais de 130 comunidades quilombolas em território gaúcho. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal já registrava, em dezembro de 2007, a existência de 35 comunidades naquele estado.
Atualmente, é possível identificar algumas regiões com grande concentração de quilombos rurais no estado, tais como: o litoral rio-grandense-do-sul (municípios de São José do Norte, Mostardas, Tavares e Palmares do Sul); a região central (municípios de Restinga Seca, Formigueiro e entorno); e a Serra do Sudeste, a oeste da Laguna dos Patos. A região metropolitana de Porto Alegre abriga pelo menos seis quilombos urbanos.
A principal luta dessas comunidades é, certamente, a garantia de suas terras. De acordo com Dona Ilza, líder da comunidade de Casca: “Nosso maior desafio é, tranqüilamente, o título da terra. Porque a gente vem aguardando isso, esperando desde muito tempo”. Apesar de se tratar de um direito assegurado pela Constituição Federal, até hoje nenhuma terra de quilombo no Rio Grande do Sul foi titulada.
Uma importante conquista foi obtida em outubro de 2006, quando o Presidente da República assinou decreto declarando de interesse social a terra ocupada pela comunidade quilombola Família Silva e autorizando o Incra a proceder a desapropriação a fim de garantir os direitos territoriais da comunidade. Quando o processo de desapropriação for concluído, as terras poderão ser tituladas em nome do quilombo.
8.6.4-Pernambuco
Segundo a Comissão Estadual das Comunidades Quilombolas de Pernambuco, há aproximadamente 120 comunidades quilombolas no estado. Em março de 2008, 80 destas comunidades quilombolas já constavam no Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal.

         Duas comunidades quilombolas de Pernambuco receberam em 2000 o título da terra emitido pela Fundação Cultural Palmares: Castainho, Conceição das Crioulas. Esses títulos, no entanto, foram concedidos sem que fossem adotadas providências para a retirada dos ocupantes particulares da área, bem como o pagamento de indenizações. Por isso, essas comunidades contam com novos procedimentos de titulação em andamento no Incra (órgão do governo federal atualmente responsável pela titulação dos territórios quilombolas).

        Em março de 2008, 21 comunidades quilombolas de Pernambuco estavam com o processo para titulação de suas terras abertos no Incra. No entanto, em apenas seis processos foi tomada alguma providência por parte do Incra.

        Pernambuco é também um estado que se destaca pela história de resistência à escravidão na formação de quilombos. Foi em uma região situada na então Capitania de Pernambuco que, entre o final do século XVI e início do século XVII, o famoso quilombo de Palmares se formou. Posteriormente, já no século XIX, essa província foi palco da formação do quilombo de Catucá, dessa vez em região localizada na Zona da Mata próxima à capital.

        A luta dos quilombolas do estado de Pernambuco conta com a forte presença de lideranças femininas. Em Conceição das Crioulas e Onze Negras, foram mulheres que inicialmente se articularam para dar voz às reivindicações das comunidades.

8.6.5-Minas Gerais

De acordo com o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - Cedefes,  existem aproximadamente 400 comunidades quilombolas no Estado de Minas Gerais distribuídas por mais de 155 municípios. As regiões do estado com maior concentração de comunidades quilombolas são a região norte e a nordeste, com destaque nesta última para o Vale do Jequitinhonha.

        De acordo com dados apresentados pelo Cedefes, a maior parte das comunidades quilombolas do estado apresenta-se em contexto rural. No entanto, Minas Gerais se destaca pela presença significativa de quilombos em áreas urbanas.
       
Na região metropolitana de Belo Horizonte, até março de 2007, três comunidades quilombolas haviam sido identificadas: Arturos, Luízes e Mangueiras (Cedefes, 2007). 
Na região rural três comunidades se destacam:

Brejo dos Crioulos
A comunidade Brejo dos Crioulos localiza-se nos municípios de São João da Ponte e Varzelândia, região norte de Minas Gerais. De acordo com Mamede Moreira da Silva, presidente da Associação Quilombola de Brejo dos Crioulos, a comunidade agrega 684 famílias. Brejo dos Crioulos é uma das maiores comunidades quilombolas no estado.
Colônia do Paiol
Colônia do Paiol é considerada a maior comunidade negra pertencente ao município de Bias Fortes, com uma população de aproximadamente 600 pessoas (Silva, 2005). Localizada em região próxima à cidade de Juiz de Fora, a comunidade apresenta fortes vínculos com esses dois centros urbanos.
Porto Corís
A Comunidade Porto Corís possui grande visibilidade em Minas Gerais por ter sido a primeira e, até maio de 2007, a única comunidade quilombola no estado a conseguir a titulação de suas terras com base no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que reconhece aos remanescentes das comunidades de quilombos a propriedade definitiva de suas terras, atribuindo ao Estado a responsabilidade de emitir-lhes os títulos respectivos.

           Atendendo as reivindicações dos quilombolas, a Superintendência do Incra em Minas Gerais abriu diversos processos para a titulação de terras de quilombo. Em maio de 2007, estavam em tramitação 67 processos. No entanto, 61 deles apenas haviam recebido um número de protocolo, ou seja, nenhuma medida efetiva havia sido tomada pelo governo no sentido de encaminhar a regularização daqueles territórios.

          Em Minas Gerais, a luta pela terra quilombola apresenta-se imbricada na luta pelo acesso à água e pela preservação do meio ambiente. Ao enfrentar a seca, os grandes projetos de desenvolvimento (hidrelétricas e mineração principalmente), as monoculturas de eucalipto e a especulação imobiliária, no caso dos quilombos urbanos, essas comunidades tentam fazer valer o seu direito de permanecer em terras conquistadas por seus antepassados.

8.6.6-Bahia

         Os levantamentos mais recentes realizados por pesquisadores e militantes de organizações não governamentais indicam a existência de 300 a 500 comunidades quilombolas no Estado da Bahia. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal registrava em outubro de 2006 a existência de 159 comunidades naquele estado.

       Na Bahia, até outubro de 2006, quatro comunidades contavam com suas terras tituladas (ou ao menos parcialmente tituladas) pelo governo federal ou estadual: Barra, Bananal e Riacho das Pedras; Parateca e Pau D'Arco; Rio das Rãs; Mangal e Barro Vermelho.

8.6.7- Representação dos Estados que tiveram registro histórico de quilombos no Brasil.


A Cultura afro-brasileira é resultado do desenvolvimento da cultura africana no Brasil, incluindo as influências recebidas das culturas portuguesa e indígena que se manifestam em diversas expressões como, por exemplo, a música, a religião e a culinária. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados, tanto pela quantidade de escravos recebidos como pela migração interna dos escravos, em virtude do fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.


9- DEPOIMENTO DE UMA DESCENDENTE DE AFRICANOS
Leia a história de uma descendente de africanos:
“Dizem que sou afro – etiqueta para todos ou tudo o que é parecido com algo ou alguém da África. Euro é etiqueta para semelhanças européias. E outros continentes, que etiquetas recebem?
Afro tem em todos os países. Por exemplo, existem os afro-brasileiros, os afro-americanos, os afro-cubanos, os afro-franceses [...]. Enfim, é o seguinte: afro vem de se ter uma origem africana.
Desde a época em que minhas pernas ficaram compridas e meu peito parecia um balão que se enchia, fui aprendendo que trago dentro de mim um pouco do que meus pais e avós e bisavós, trisavós, tataravós e ... – depois eu não sei mais como se chama – foram. É assim: para nascer é preciso duas origens, ou seja, o lado da mãe e o lado do pai. Cada um traz um monte de origens. O lado do pai traz as origens da parte de seu pai e as da parte de sua mãe. O lado da mãe, por sua vez, também carrega a parte de seu pai e a parte de sua mãe. Todo mundo nasce carregado de origens.
E, se é assim, então quantas origens carrego dentro de mim? Quantas sementes?
Mas a origem africana está na cara. E também no coração. Ser africano é diferente de ser italiano ou francês. A África não é um país, mas um continente com muitos países, e cada qual com etnias diferentes. Então, em quantos lugares da África eu tenho origens? [...] A África é uma lembrança que vibram várias cores eletrizantes: parecem somar um calor como o do sol com uma força que vem de dentro da terra.
Heloisa Pires Lima. Histórias da Preta.
São Paulo: Compainha das Letrinhas. 2006.





















10-FOTOS DE TRIBOS DA ÁFRICA
Pintura mural nas casas de tribos sulafricanas.
As tribos do vale do Rio Omo, na Etiópia.
Membros da tribo Kara, no vale do rio Omo, na Etiopia

Tribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na EtiópiaTribos do vale do Rio Omo, na Etiópia

Tribos do vale do Rio Omo, na Etiópia
Tribos do vale do Rio Omo, na Etiópia
Tribos do vale do Rio Omo, na Etiópia


A INCRÍVEL E MARAVILHOSA "MODA" TRIBAL INSPIRADA PELA NATUREZA.  


    



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[(001)Natural+Fashion,+por+Hans+Silvester+(imagem+02).jpg]

11-FOTOS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO BRASIL.
        













                          BAHIA                                                                                                                      PARÁ



MARANHÃO
MINAS GERAIS
PARÁ
PERNAMBUCO

RIO GRANDE DO SUL












                 SÃO PAULO

RIO DE JANEIRO

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