sábado, 3 de setembro de 2011

Hipertexto




Pode-se observar que também foi a partir das limitações, anseios, contradições inerentes ao processo de impressão e escritura tradicionais que surgiu a necessidade do hipertexto. No entanto, foi a partir do desenvolvimento da informática e das telecomunicações que a tecnologia do hipertexto revelou o seu potencial revolucionário. E, atualmente, são a base lógica e conceitual das comunicações mediadas pelo computador.

O termo hipertexto foi definido em primeira mão por Ted Nelson no início dos anos 60, significando uma "escrita/leitura não-seqüencial, não-linear". "Por hipertexto, eu entendo escrita não seqüencial - um texto com vários caminhos que permite que os leitores façam escolhas, e que são mais bem lidos numa tela interativa. Popularmente, são concebidos como uma série de pedaços de textos conectados por links que oferecem ao leitor diferentes caminhos.” Muitas pessoas, hoje, na Internet, passam horas e horas fazendo isso que acabamos de descrever: pulando de link em link atrás de coisas que lhes interessam. Isso é hipertexto.

Uma das maiores controvérsias a respeito deste conceito é sobre sua vinculação obrigatória ou não com a internet e outros meios digitais. Alguns autores defendem que o hipertexto acontece apenas nos ambientes digitais, pois estes permitem acesso imediato a qualquer informação. A internet, através da WWW, seria o meio hipertextual por excelência, uma vez que toda sua lógica de funcionamento está baseada nos links.
Outros pesquisadores acreditam que a representação hipertextual da informação independe do meio. Pode acontecer no papel, por exemplo, desde que as possibilidades de leitura superem o modelo tradicional contido das narrativas contínuas (com início, meio e fim). Uma enciclopédia é um clássico exemplo de hipertexto baseado no papel, pois permite acesso não-linear aos verbetes contidos em diferentes volumes. Um exemplo de hipertexto tradicional são as anotações de Leonardo Da Vinci e também a Bíblia, devido sua forma não-linear de leitura.
 Um tópico relevante é a utilização da ferramenta de hipertexto na Educação. O trabalho com hipertexto pode impulsionar o aluno à pesquisa e à produção textual. O hipertexto como ferramenta de ensino e aprendizagem facilita um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam ativamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e transferível do que aquela direta e explícita.
Na sala de aula, onde se trabalha com hipertexto, os alunos, num sistema de colaboração, acabam aprendendo mais e através de diversas fontes. O próprio conceito de hipertexto pode nos levar a essa intenção. Uma atividade colaborativa traz benefícios extraordinários no que diz respeito à construção individual e coletiva do conhecimento. Os professores também podem trabalhar com hipertexto para funções pedagógicas. Utilizar textos de várias turmas e redistribuí-los é um bom exemplo. O hipertexto também traz como vantagem para a educação a construção do conhecimento compartilhado, um importante recurso para organizar material de diferentes disciplinas. Trabalhar com hipertexto leva o aluno a produção de textos e traz como vantagens a construção do conhecimento de forma dinâmica e inserindo o aluno e o processo educativo no mundo digital. Em sua produção o aluno se refere a conhecimentos antes apreendidos, mantendo uma relação sempre linear com o texto.
Hoje em dia, os professores recebem alunos com vários tipos de defasagem de aprendizagem. Utilizar o trabalho com hipertexto seria mais uma oportunidade que o professor teria para auxiliar o aluno no avanço da aprendizagem. Pois a cobrança que é feita a respeito do resultado dos alunos recai sempre sobre o professor.
BEIGUELMAN, Giselle. O livro depois do livro. São Paulo, editora Peirópolis, 2003. Link do livro on-line:
Byers, T. J. (1987, Abril). Built by association. PC World, 5, 244-251.
LANDOW, George. Teorías del Hipertexto. Madrid, Paidos, 1997.
NELSON, Ted. Libertando-se da prisão da internet. São Paulo, IMESP/FILE, 2005. Link para o texto

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